quarta-feira, 30 de março de 2011

Minha Homenagem ao Grande Paulo Leminski...

Conheci os poemas de Paulo Leminski enquanto estudava na USP... Ficava de paquera com uma moça que fazia Matemática (não me recordo o nome dela, somente o curso. Mais um amor que passou sem eu agarrar)... e trocávamos bilhetes com versos... Eu apelava para os mais conhecidos: Vinicius, Bandeira, Drummond... e ela me apresentou Leminski... Foi paixão à primeira lida...

Presto aqui uma singela homenagem...

Como, talvez, a maioria dos leitores que neste blog entram, sejam meus alunos, aproveito para lhes apresentar (aos que não conhecem, é claro) a obra deste grande escritor curitibano...

Leiam nas entrelinhas...

Razão de ser - Paulo Leminski
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Do Amor e Outros Alucinógenos...

Não há droga pior do que o Amor...
Distorce os nossos sentidos...
Confunde o nosso cérebro...
Afeta a nossa concentração...
Pode ser disléptico...
Léptico ou analéptico...
É repleto de efeitos colaterais...
Causa sorrisos involuntários...
Dependência por ligações fora de hora...
Impulssividade descontrolada...
Mas uma coisa eu preciso admitir...
Não há droga melhor do que o Amor...

domingo, 27 de março de 2011

Mayfield...

Por vezes me pego pensando o quanto insano eu sou...
Por ser professor, eu sou insano...???
Por ser um romântico, eu sou insano...???
Por ser são-paulino, eu sou insano...???
Por ser um sujeito de bem, eu sou insano...???
Por ser trabalhador, eu sou insano...???
Por ser transparente, eu sou insano...???
Por ser um sonhador, eu sou insano...???
Por ser são, eu sou insano...???

p.s. escrevo este post, logo após assistir ao primeiro episódio da sexta temporada de "House". Na minha opinião, o melhor até agora... Mayfield era o nome do hospital psiquiátrico aonde House se interna...

Falta...

Que falta me faz o seu sorriso...
Que falta me faz o seu olhar...
Que falta me faz o seu abraço...
Que falta me faz o seu beijo...
Que falta me faz você...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Na despedida...

Na despedida...
Não desejo sua face...
Quero sua boca...
Deixe-me morrer...
No exato instante...
Em que meus lábios...
Tocarem os seus...
Que o coração pare...
A respiração cesse...
E, depois...
Aos poucos ressuscitando...
Quase em sussurros...
Dizer que te amo...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Traição...

Qual a sensação de uma traição...???

E não pergunto sobre traição amorosa... estou me referindo à traição da amizade...

Está doendo...

Não sei quanto tempo vai durar...

Espero que passe logo...

Enquanto isto, vou me sentindo como na foto ao lado...

Sem coração...

p.s. acabei de ver no Jornal da Globo, uma reportagem sobre o Gonzaguinha... vou aproveitar e colocar aqui uma das letras que eu mais gosto...

Espere Por Mim, Morena

Espere por mim, morena,
Espere que eu chego já
O amor por você, morena,
Faz a saudade me apressar.

Tire um sono na rede
Deixa a porta encostada
Que o vento da madrugada
Já me leva pra você.

E antes de acontecer o Sol
A barra vir quebrar
Estarei nos teus braços
Para nunca mais voar.

E nas noites de frio
Serei o teu cobertor,
Quentarei o teu corpo
Com meu calor

Ah, minha santa, te juro
Por Deus Nosso Senhor,
Nunca mais, minha morena,
Vou fugir do teu amor.

Espere por mim, morena,
Espere que eu chego já
O amor por você, morena,
Faz a saudade me apressar.

Espere por mim, morena,
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Memória Olfativa...

Trago na memória alguns odores que marcaram a minha infância...

Alguns bons... outros nem tanto...

Lembro-me da minha primeira experiência amoniacal quando, fazendo alguns biscoitos, minha mãe deixou o vidro de amoníaco sobre a mesa. Atirei-me sobre o frasco com a volúpia de uma criança atirando-se sobre os doces... Não recordo-me exatamente do que se passou depois... só sei que tombei... não ferido... mas anestesiado pelo odor forte, que mais tarde fiquei sabendo, ser das ligações entre os átomos de nitrogênio, hidrogênio e oxigênio...

Mas, como todo gordinho que se preza, os cheirinhos vindos do fogão, eram os que mais me alegravam...

E, nesse capítulo, meu pai teve papel principal...

Conversando com uma amiga, contei-lhe que meu pai preparava uns almoços aos sábados, que eram a felicidade dos glutões... coisas simples... mas de extremo prazer ao paladar... arroz, feijão, carne de porco, salada de agrião e uma banana... quer coisa melhor...???

E nos dias de milho...??? Hummmmmm... pamonha... curau... suco... bolo... e a mais suculenta das sopas...

Dava água na boca... risos...

Minha mãe não ficava atrás... o rocambole de frango com massa de batata era disputado até o último pedaço...

Creio que o prazer em cozinhar, na minha família, é genético... todos os irmãos cozinham... e a tradição já está passando para os sobrinhos...

Bon appetit...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Antes de dormir...

No sono, busco seu rosto, que acordado já não vejo mais...
No sono, beijo sua boca, que acordado já não beijo mais...
No sono, toco seu corpo, que acordado já não sinto mais...
No sono, posso tudo, que acordado já não posso mais...

domingo, 13 de março de 2011

Um bom início...

Sempre tive vontade de externar alguns de meus pensamentos... Mas por achar que eles não chamariam a atenção de alguém, fui deixando esta vontade de lado... E aí pensei: se não publicá-los, como saberei se chamariam a atenção ou não...??? E aqui estou... colocando a cara à tapa... risos... só espero que sejam tapas com luvas de pelica... risos...

E como primeira publicação, vou me dar ao luxo de colocar aqui um texto de um grande escritor... calma, não sou eu... estou me referindo ao fantástico Érico Veríssimo... cuja obra, descobri ainda na juventude lendo "Clarissa", um livro fácil... depois passei por "Incidente em Antares"... "Olhai os Lírios no Campo"... "Saga"... e um dos meus favoritos: "Solo de Clarineta", de onde tirei o texto que agora vos apresento:

"O meu amigo mais íntimo é o sujeito que vejo todas as manhãs no espelho do quarto de banho, à hora onírica em que passo pelo rosto o aparelho de barbear.

Estabelecemos diálogos mudos, numa linguagem misteriosa feita de imagens, ecos de vozes, alheias ou nossas, antigas ou recentes, relâmpagos súbitos que iluminam faces  e fatos remotos ou próximos, nos corredores do passadoe às  vezes, inexplicavelmente, do futuro enfim, uma conversa que, quando analisamos os sonhos da noite, parece processar-se fora do tempo e do espaço.

Surpreendo-me quase sempre em perfeito acordo com o que o outro diz e pensa.

Sinto, no entanto, um pálido e acanhado desconforto por saber que existe no mundo alguém que conhece tão bem os meus segredos e fraquezas, uns olhos assim tão familiarizados com a minha nudez de corpo e espírito.

Talvez seja por isso que com certa freqüência entramos em conflito.

Mas a ridícula e bela verdade é que no fundo, bem feitas as contas, nós nos queremos um grande bem.

Estamos habituados um ao outro.

Envelhecemos juntos. 

A face do outro é o meu calendário implacável.

"Os cabelos te fogem, homem" murmuro-lhe às vezes "Tuas carnes se tornam flácidas. Vejo a escrita do tempo no pergaminho do teu rosto". "E como imaginas que estás?" replica o meu reflexo.

Acabamos consolando-nos mutuamente com a idéia de que conservamos a mocidade de espírito.

Mas até onde isso será verdade?

Encolhemos os ombros e passamos a outras considerações e devaneios, enquanto o barbeador elétrico zumbe, e  o incansável calígrafo invisível continua no seu sutil trabalho de  amanuense da morte.

No homem do espelho reconheço os olhos escuros e melancólicos de minha mãe.

Essa cabeçorra, quase desproporcional ao resto do corpo, herdei-a de meu pai.

Quanto à pele morena, talvez me tenha vindo de algum remoto antepassado índio ou mouro.

As sobrancelhas negras e espessas — que passaram a vida no vão esforço de dar a essa cara um ar façanhudo, decerto como propósito de atenuar a mansuetude quase humilde dos olhos   foram suavizadas pela prata com que o tempo as retocou. (prata ou cinza?)

Eu gostaria de simplificar o problema de meu "temperamento", apresentando-me como a manifestação duma dicotomia, segundo a qual tendências que herdei de minha mãe sobriedade, senso de responsabilidade, devoção ao trabalho, à ordem e à normalidade podem ser comparadas comos muros duma cidadela sitiada e repetidamente atacada por insidiosos e alegres bandos de guerrilheiros constituídos por certos componentes do caráter de meu pai: sensualidade, auto-indulgência, inclinação para o ócio e para uma espécie de hedonismo irresponsável.

"Mas a coisa não é assim tão simples e nítida"   observa o  outro. "Eu sei, eu sei" — respondo em pensamentos — "mas  vamos adiante, companheiro. É pelos sendeiros do erro e da dúvida que havemos de chegar um dia ao reino da verdade."

O fantasma foca em mim os seus olhos secretamente céticos e murmura: "Será que esse reino existe mesmo fora da mitologia?". Ambos encolhemos os ombros."

É isto... espero retornar o mais breve possível, mostrando algo meu... o pontapé inicial foi dado... o número de visitantes ditará o meu sucesso... risos... pelo menos a minha visita eu vou ter... risos...

Quero dedicar este blog à uma pessoa que se diz avessa à coisas da internet: Rosane Toledo... Vc foi minha fonte de inspiração...